Saturday 15 May 2010

Espéce trigésima quinta

Em primeiro lugar gostaria de declarar a minha espéce por não publicar no "Faz-me espéce" há já muito, porém não é essa a minha espéce reservada para a espéce trigésima quinta. Ora, a mim sinceramente faz-me realmente assaz espéce viver num país onde apenas se abordam, no seio popular, assuntos de três ordens: Política, Futebol e Religião. Para realçar esta minha espéce, tenho todo o prazer em referir João César Monteiro: "O serviço público (meios de comunicação) não devia existir, não serve para nada, não serve nada nem ninguém, não gosto de televisão, dispenso, só tem estória...."

Thursday 25 March 2010

Espéce trigésima quarta

Esta espéce é um dois em um. Primeiro, faz-me espéce que esta espéce me faça espéce há tanto tempo. Aliás, lembrei-me agora, é um três em um: faz-me espéce que esta espéce seja sempre mal interpretada. Mas o fulcro da espéce é, de facto, Leonor Borges. Que venho a descobrir ser amiga comum de facebook de alguns amigos. Que creio ter-se cruzado hoje comigo na faculdade. E que me incomoda. Que me incomoda bastante. E, não, eu já não a amo (daí a segunda sub-espéce). Mas não a quero na minha vida, nem assim, nesta meia distância. Esta criatura devia estar tão morta, factualmente, como o está no meu coração.

E, pronto, entendam o que e como quiserem. Já sei que nunca adianta de nada falar disto.

Friday 19 March 2010

Espéce trigésima terceira

Incomoda-me sobremaneira ser uma criatura de mil novecentos e oitenta e três que se encanta com muita facilidade por seres do sexo feminino que, por vezes, podem encontrar-se no limiar da maioridade, particularmente tendo efectuado um reingresso num curso onde a maior parte da fauna possuidora de vulva tem, precisamente, entre dezoito e vinte anos de idade. E o auge desta espéce dá-se quando, em convívio uma tarde inteira com Sara Marina Oliveira Bernardino, que, não o escondo de ninguém, me apraz assaz a vários níveis, passo o tempo a fazer ligeiras e não tão ligeiras insinuações a esse facto, que são constantemente goradas e cortadas pela raíz quando a bendita menina só responde na base do "eu quero um rapaz bonito e com barba QUE TENHA ENTRE VINTE E VINTE E DOIS" e do "devias arranjar alguém da tua faixa etária."
Ora, a minha faixa etária é inexistente, neste momento, pelo menos no sentido em que não conheci ainda ninguém que preencha esse requisito e, para além disso, esta coisa do encanto, tal como o amor e a paixão, não se controla propriamente. Ainda a acrescentar a esta problemática, dá-se que não sei ao certo como meter conversa e conviver com as donzelas que me são agradáveis em primeiro contacto visual, sendo que isso me restringe muito às pequenitas (não tão pequenitas, que me façam incorrer num processo-crime, também) que já conheço e com quem convivo mais frequentemente.

E, obviamente, faz-me espéce não ter ninguém na minha vida, uma espéce ulceral que me incomoda e me faz, bastantes noites, nem conseguir dormir.

Sunday 7 March 2010

Espéce trigésima segunda

Como alguns já sabem vivo, de momento e por motivos académicos (ou, de momento, semi-académicos) em Lisboa com o meu irmão e mais um colega/amigo. Entretanto, a casa onde coabitamos possui apenas um quarto (um T1, portanto) e esse mesmo compartimento está ocupado pelo meu irmão, pela sua cama e pela sua secretária. A sala, por sua vez está ocupada por mim e pelo meu colega, partilhando um beliche e um móvel de sala que serve de guarda-roupa e estante de livros (um multi-funções, meus amigos!). Não é que isto me incomode porque, na verdade, não incomoda mesmo. O que me incomoda é que o meu irmão queira mandar em tudo o que está adjacente à casa, e às pessoas que a habitam. Se ele tem um quarto só dele acho que deveria mandar no seu quarto e, eventualmente, dar umas opiniões sobre a casa de banho e a cozinha. Já sobre a sala, deveria limitar-se à sua passividade intelectual e dormir sobre os assuntos que o incomodem porque não são da conta dele!
Pronto, eu gosto de levar lá pessoas de quem gosto a casa que, eventualmente, podem acabar por pernoitar por lá caso haja autorização do meu amigo e colega de quarto/sala já que a esse sim, devo explicações.
Faz-me muita espéce que ele me venha mandar mensagens a dizer que isto ou aquilo não se volta a repetir só porque ele é dono e senhor do mundo. Eu também mando pessoas para o caralho, com murros no nariz, se for preciso.

Friday 5 March 2010

Espéce trigésima primeira

Ora bem, nestes últimos dias (aliás, nestas últimas semanas) tem chovido a cântaros e, como não aprecio andar com guarda-chuva - para evitar a peculiaridade semântica de "chapéu-de-chuva/chapéu" -, tenho caminhado por aí como um tresloucado, a apanhar com aguinha na cachola, coisa que me entristece deveras. Mas, enfim, não é isto que me causa espéce; o que sucede é que, lá está, há indivíduos precavidos e que prezam o seu estado de secura corporal e de indumentária, que vagueiam por essas ruas envergando os ditos guarda-chuvas, alguns deles de dimensões consideráveis. Mais uma vez, nada tenho a obstar em relação a isso, até enalteço essa atitude preocupada. O problema reside nisto: como não tenho essa barreira entre mim e a chuva, costumo tentar andar mais rente aos prédios, ou, quando possível, caminhar por sob galerias cobertas ou somente algerozes salientes que me protejam da pluviosidade. E sucede também que esses seres devidamente resguardados decidem passar também por baixo dos mesmos locais, em vez de andarem mais pelo lado de fora dos passeios, como se também tivessem necessidade disso, "empurrando" todos os utentes da via pública não-impermeabilizados para locais mais a céu aberto, onde acabarão por se molhar todos.

Senhores: se têm guarda-chuva, por amor da santa, ao menos deixem quem não tem resguardar-se o melhor possível, caminhando junto às paredes, e tentem facilitar mais o trânsito pedonal dessas pessoas.

Thursday 25 February 2010

Espéce trigésima

Esta espéce já devia ter sido publicada há umas semanas, quando retomei a minha vida académica. Coisa que, no fundo, não me faz absolutamente espéce nenhuma, é, aliás, uma coisa bastante boa.

A espéce em questão resume-se ao estado de espírito e forma como a grande fauna académica dos dias de hoje (já se passaram oito ou nove anos, desde a minha original entrada no mundo universitário), que exemplificarei com a situação seguinte: estava eu, vosso caríssimo, à procura da sala 43, sala que apenas esta semana sei onde fica, e onde teria Literatura Inglesa Contemporânea, até me aperceber do quão tarde já era, quanto tempo já tinha perdido na sua busca hercúlea, e tendo desistido dessa demanda, quando vejo o professor da cadeira propriamente dita sair do Bloco B2, cercado de perto por todo um séquito de crianças de 18 e 19 anos. Acerquei-me de uma criatura que me pareceu pessoa para ter estado na aula e inquiri-lhe amigavelmente se tinha, de facto, frequentado a supra citada aula do Professor Carlos Ceia, e se poderia, eventualmente, dar-se ao trabalho de me facultar quaisquer folhas e/ou informações que pudessem eventualmente ter sido divulgadas. Tudo isto, partindo do princípio de que as coisas são como eram antigamente, em que todos, ou a maior parte de nós (creio que mesmo todos) arranjavam apontamentos, folhas, informações e afins uns aos outros, quanto mais não fosse, na base do "se eu precisasse de pedir também gostava que me arranjassem isto, portanto, deixa-me facultar, fornecer, etc." Mas a jovem moça, olhando-me de alto a baixo, fez um esgar de superioridade e perguntou apenas "não foste à aula?", pergunta à qual prontamente respondi um sincero "não", só para ser presenteado com um desagradável "olha, FOSSES!", seguido de um voltar de face na direcção oposta e um abandono daquele mesmo espaço físico.

Se fosse há uns anos, e eu não tivesse aprendido certos comportamentos sociais, garantidamente que essa donzela teria que ter ouvido qualquer coisa como "olha, fosses mas era tu ao caralho."